« A Noiva e o Boa Noite Cinderela »
Bonne nuit José Regina Galiando,
bonne nuit Carolina Bianchi,
à dieux Pippa Bacca
Carolina Bianchi, artiste et performeuse brésilienne, explore dans Cadela Força une dimension sombre de l’existence féminine : celle de la violence omniprésente, ancrée dans le corps et l’âme des femmes.
Bonne nuit José Regina Galiando, bonne nuit Carolina Bianchi, Pippa Bianchi.Bonne nuit Carolina Bacca, à dieux Pippa Bacca…Mon invocation répétitive, lancinante, c’est mon incantation pour la première pierre dans l’abîme « A Noiva e o Boa Noite Cinderela », de la Trilogie Cadela Força de Carolina Bianchi que j’ai vécue hier soir à La Villette.
L’absence de conscience devient une présence palpable. Se droguer soi-même pour sombrer dans le sommeil, dans sa propre performance, est une invitation à se perdre dans le cauchemar collectif des violences féminines. La scène n’est pas une scène, elle est un espace hanté où Bianchi, par un acte non héroïque, dit-elle, s’abandonne comme un geste de vulnérabilité et d’hommage aux femmes victimes de féminicides. Ce geste, inspiré des travaux d’artistes telles que Regina José Galindo, insuffle dans la performance une charge émotionnelle brutale : Galindo, poétesse et performeuse guatémaltèque, a fait de son propre corps le lieu d’un témoignage sans compromis. Depuis des décennies, elle utilise sa chair comme un terrain de résistance, abordant des thématiques comme la violence, la torture, et la répression politique dans un Guatemala marqué par l’injustice sociale. En transformant son corps en témoin vivant, Galindo dénonce une société qui oppresse, réprime et mutile les femmes.
Inspirée directement de Galindo et d’autres artistes, Bianchi vomit sur scène ce fil rouge, cette histoire de féminicides perpétuels. En avalant du GHB, la « drogue du violeur », connue au Brésil sous le nom de « Boa Noite Cinderela », elle s’endort sous nos regards complices, traversant ainsi un cimetière de femmes violées, torturées et tuées, comme la performeuse italienne Pippa Bacca, assassinée lors d’une performance visant à explorer la foi en la bonté humaine par le biais de l’auto-stop. Ce sommeil n’est pas réparateur ; il fait surgir un souvenir trouble, une mémoire lacunaire qui expose la société à son propre reflet obscur. Les références historiques s’entremêlent dans ce sommeil imposé, où chaque absence résonne comme une invocation des milliers de voix silencieuses.
Bianchi repousse ici les frontières de l’art, se plaçant en héritière des artistes qui refusent la catharsis. Sa performance n’est ni une libération ni une guérison. Elle est une mémoire acharnée, où le réveil n’est pas un retour à la clarté mais une odeur, celle de l’oubli ancré dans la chair. Traversant l’histoire de la violence misogyne, elle nous confronte, impuissant.e.s, à l’horreur d’un monde où le corps des femmes est un champ de bataille, sans héroïsme ni rédemption, mais avec la froide réalité de ce qui ne peut être ni oublié, ni exorcisé.
Fuck catharsis !
En refusant la catharsis, Bianchi transforme la scène en un lieu de mémoire brutale, où le sommeil n’est pas apaisant mais oppressant, et où le public devient témoin de la souffrance sans répit, du féminin blessé qui refuse de s’effacer. Cadela Força devient alors un manifeste sans compromis sur la persistance des féminicides, un cri somnambule où la rédemption ne trouve pas sa place.
Bonne nuit José Regina Galiando, bonne nuit Pippa Bianchi, à dieux Pippa Bacca…
On oubliera jamais, on pardonnera jamais Mort aux porcs…Fuck catharsis.
« A Noiva e o Boa Noite Cinderela »
Boa noite, José Regina Galiando, boa noite, Carolina Bianchi,
adeus, Pippa Bacca.
Carolina Bianchi, artista e performer brasileira, explora em Cadela Força uma dimensão sombria da existência feminina: a violência onipresente, ancorada no corpo e na alma das mulheres.
Boa noite, José Regina Galiando, boa noite, Carolina Bianchi, Pippa Bianchi. Boa noite, Carolina Bacca, adeus, Pippa Bacca… Minha invocação repetitiva, lancinante, é minha incantação para a primeira pedra no abismo de A Noiva e o Boa Noite Cinderela, da trilogia Cadela Força de Carolina Bianchi, que experimentei ontem à noite na La Villette.
A ausência de consciência torna-se uma presença palpável. Drogando-se para mergulhar no sono, em sua própria performance, é um convite para se perder no pesadelo coletivo das violências contra mulheres. A cena não é uma cena, é um espaço assombrado onde Bianchi, por um ato que ela mesma diz não ser heróico, se entrega como um gesto de vulnerabilidade e homenagem às mulheres vítimas de feminicídios. Esse gesto, inspirado no trabalho de artistas como Regina José Galindo, confere à performance uma carga emocional brutal: Galindo, poeta e performer guatemalteca, fez de seu próprio corpo o local de um testemunho sem concessões. Há décadas, ela usa sua carne como um campo de resistência, abordando temas como violência, tortura e repressão política em um país marcado pela injustiça social. Transformando seu corpo em um testemunho vivo, Galindo denuncia uma sociedade que oprime, reprime e mutila mulheres.
Inspirada diretamente por Galindo e outras artistas, Bianchi vomita no palco esse fio vermelho, essa história de feminicídios perpétuos. Ingerindo GHB, a “droga do estupro,” conhecida no Brasil como « Boa Noite Cinderela, » ela adormece sob nossos olhares cúmplices, atravessando assim um cemitério de mulheres violentadas, torturadas e mortas, como a performer italiana Pippa Bacca, assassinada durante uma performance que buscava explorar a fé na bondade humana através de caronas. Esse sono não é reparador; ele evoca uma lembrança turva, uma memória fragmentada que expõe a sociedade ao seu próprio reflexo sombrio. As referências históricas se entrelaçam nesse sono imposto, onde cada ausência ressoa como uma invocação das milhares de vozes silenciadas.
Bianchi empurra aqui os limites da arte, colocando-se como herdeira de artistas que recusam a catarse. Sua performance não é uma libertação, nem uma cura. Ela é uma memória obstinada, onde o despertar não é um retorno à clareza, mas um cheiro, o do esquecimento entranhado na carne. Percorrendo a história da violência misógina, ela nos confronta, impotentes, com o horror de um mundo onde o corpo das mulheres é um campo de batalha, sem heroísmo nem redenção, mas com a fria realidade do que não pode ser nem esquecido, nem exorcizado.
Foda-se a catarse!
Ao recusar a catarse, Bianchi transforma o palco em um lugar de memória brutal, onde o sono não é apaziguador, mas opressor, e onde o público se torna testemunha do sofrimento sem trégua, do feminino ferido que se recusa a se apagar. Cadela Força torna-se então um manifesto intransigente sobre a persistência dos feminicídios, um grito sonâmbulo onde a redenção não encontra seu lugar.
Boa noite, José Regina Galiando, boa noite, Pippa Bianchi, adeus, Pippa Bacca…
Nunca esqueceremos, nunca perdoaremos. Morte aos porcos… Foda-se a catarse.